09
Mar 15
publicado por Nuno Amado, às 15:18link do post | comentar

Este blog já não é um blog. Este blog é uma seta de desvio para uma página de facebook: https://www.facebook.com/nunoamadoautor


11
Mar 13
publicado por Nuno Amado, às 19:24link do post | comentar | ver comentários (2)

Num debate o Salman Rushdie falava das tarefas que cabiam aos escritores americanos e que estes não cumpriam. O Saul Bellow respondeu:

 

"We don’t have any tasks. We just have inspirations. Tasks are for people who work in offices or on drafting boards and so on."

 

Amém

Amém

Amém

 


14
Fev 13
publicado por Nuno Amado, às 08:25link do post | comentar

amado.nuno@sapo.pt


13
Fev 13
publicado por Nuno Amado, às 09:44link do post | comentar | ver comentários (2)
"Romance desconcertante e absolutamente fascinante de um novo grande escritor superoriginal da nossa literatura.
Nuno Amado cruza neste livro a estranha vida de um intelectual irrequieto que se exila para uma ilha dos Açores para se medir consigo e com a existência, a pretexto de ver baleias.

Carteia-se com o seu melhor amigo, escreve outras missivas provocatórias, relaciona-se com um médico reformado e a sua curiosa companheira, cujo filho, dilacerado por um desgosto de amor, vagueia pelo universo e lhes escreve cartas fabulosas em que revela experiências ora exaltantes, ora pungentes. Há ainda uma americana, Stella, presa a ele por paixão e ternura.

E há, na ilha um alemão, Hector, que se aproxima do solitário herói desta história, arrastando-o para o mar, em busca dos grandes cetáceos e, na realidade se serve dele para efetuar negócios de contrabando no mar alto, onde os seus cúmplices vêm a bordo. Mais uma desilusão, que ele digere com a sua filosofia desencantada.

Entre as cartas do filho errante do casal de reformados, o eu do livro diverte-se com provocações e até faz turismo, visita as furnas, faz coisas loucas.

É um livro fabuloso, inesquecível."
 
Urbano Tavares Rodrigues
 

19
Dez 12
publicado por Nuno Amado, às 10:00link do post | comentar

Descobri recentemente que quando os bebés saem da maternidade não vêm com manual de instruções. Que sociedade é esta? Qualquer produto com um mínimo de dois botões comprado numa loja chinesa vem com dez páginas de instruções em várias línguas, mas para se educar um filho, talvez a tarefa mais difícil da existência humana, não há nem um folheto. Além disso os bebés não têm aquele design intuitivo de um I-phone ou I-pad. De certeza que se tivesse sido o Steve Jobs a desenhar um bebé este seria muito mais fácil de cuidar. O que é surpreendente é a boa vontade dos pais eminvestigar, descobrir e persistir num conjunto de tarefas para as quais ninguém os preparou adequadamente e para as quais ninguém os remunera. 

Imagino o que seria uma mãe, de má vontade, lidar com uma Maternidade da mesma forma que alguém que adquiriu uma aparelhagem lida com a loja onde a comprou:

 

-Estou? Bom dia, fala da Maternidade?

 

-Sim. Com quem deseja falar?

 

-Daqui fala uma mãe. É o seguinte, eu estive aí a semana passada e tive um filho…

 

-Sim?

 

-Mas, deve ter havido um erro qualquer. Ele não funciona bem.

 

-Perdão?

 

-É que ele está sempre a chorar, mesmo de noite. E faz um barulho que, enfim, assusta, não é?

 

-Minha senhora, é normal que os bebés chorem.

 

-Não, desculpe, aquilo não é normal. É muito irritante, Uen Uen Uen o tempo todo. Parece uma ovelha que engoliu um alarme de incêndio. Não! Não pode ser, assim eu e o meu marido não conseguimos dormir.

 

-Minha senhora, é comum que os pais de recém-nascidos durmam pouco.

 

-Comum? A mim ninguém me avisou. Além disso, todas as minhas amigas que tiveram um filho dizem que é maravilhoso. Nem imagina, tive os últimos anos a ouvir que era a melhor coisa do mundo, que eu devia ter um o mais rápido possível e outras coisas assim. E depois..isto! Se eu soubesse que isto ia ser assim tinha pensado duas vezes. 

Portanto, fale lá com quem tem de falar e resolva-me isto. Acho inacreditável o vosso serviço. Francamente! O mínimo que podem fazer é realizar o arranjo de graça.

 

-Arranjo??

 

-Sim, vou passar ai hoje à tarde a deixar o bebé. Quantos dias acha que demora?

 

-Desculpe,  não estou a perceber. Demora? Arranjo?

 

-Ai…é preciso paciência com vocês, da facto! Então, de certeza que fizeram qualquer coisa mal. Como já lhe disse o bebé não funciona bem. Ele chora, ele sorri pouco, não percebe o que lhe digo, não come como deve ser…têm de o arranjar. Oiça, outro dia até me vomitou em cima, o malandro. Quer dizer, eu não tive um filho para deixar de dormir, ficar com olheiras e gastar um balúrdio na limpeza a seco. Vejam lá se o arranjam antes que eu deixe uma queixa por escrito!

 

-Mas minha senhora…

 

-Ahh, e outra coisa. Já que vai ficar aí para arranjar, não dava para trocarem as orelhas. É que ele saiu ao meu marido que, coitado, tem umas orelhas enormes. Eu não quero um filho que se pareça com o Príncipe Carlos, percebe isso, não?

 

-Minha senhora, os bebés não se arranjam!

 

-Pois, claro. É verdade, nos tempos modernos já não se arranja nada. Aconteceu-me o mesmo com o aspirador. Diga-me então como é que eu faço para trocar por outro que não tenha defeito.


13
Nov 12
publicado por Nuno Amado, às 13:28link do post | comentar | ver comentários (1)

Woody Allen disse numa entrevista que, se lhe pagassem, faria um filme em Lisboa. De imediato um grupo de cinéfilos com uma costela de promotores turísticos (ou talvez um grupo de promotores turísticos com um rim de cinéfilos – é difícil dizer), se deu ao árduo trabalho de criar uma página de facebook para convencer o neurótico de Manhattan a filmar na Avenida da Liberdade. Vejo aqui uma possível saída para a crise, mas é fundamental pensar em grande. Não devemos ficar-nos pelo Woody Allen. Porque não convencer o Wes Craven, o realizador do “Pesadelo em Elm Street” a filmar “O pesadelo no Centro Comercial Colombo” no qual um grupo de adolescentes, além de serem perseguidos pelo Freddy Krueger ainda tem que encontrar o seu carro no parque de estacionamento. Também creio ser possível persuadir Spielberg a filmar “Indiana Jones e o Oceanário”, onde existira uma cena hilariante em que o chapéu de Indie iria parar à cabeça da foca Amália. E não seria uma boa ideia filmar um James Bond na cidade do Porto, com o Pinto da Costa como vilão, uma bond girl chamada Francesinha e uma fantástica cena de combate em pleno mercado do Bolhão, na qual James Bond defrontaria quatro peixeiras armadas de garoupas? E por falar em cenas de acção, porque não “Rambo na Caparica: Massacre na margem sul”?

 

A ousadia deste movimento não se deve ficar apenas pelo cinema. Vejo grande potencial turístico no “Harry Potter e as queijadas de Sintra”, com o palácio da Pena a fazer de Hogwarts, ou no “Senhor dos pasteis”, onde os Hobbits tomam conta de Belém e o Gandalf, para se manter excêntrico insiste em comer os seus pasteis sem canela. Acredito não ser exagero dizer que as “Cinquenta sombras de Grey” só beneficiariam em ser reescritas tendo como cenário Albufeira e como herói um português de bigode farto e tanga curta que abordasse turistas britânicas com um inglês macarrónico. O título escreve-se sozinho: “Cinquenta marcas de Bikini”. Ofereço-me até para compor a frase de abertura da obra, que, espero, transmita todo o potencial literário que teria tal empreendimento:

 

“-Do you want me to pute da crime? – perguntou o deus dourado resplandecente no sol  do meio dia, com o seu bigode viril e negro ondulando na brisa marítima. José José era o seu nome.”

 

Para dar algum peso intelectual a este movimento, poder-se-ia convidar alguns pintores sem emprego para realizar versões aportuguesadas de obras clássicas. Que bonita ficaria “A Última Ceia” do Leonardo da Vinci tendo como pano de fundo as pinturas rupestres do Alqueva! Poder-se-ia também encomendar uma versão do Guernica inspirada na “Casa dos Segredos”, horror por horror, esta sempre traria um turista ou dois.

 

Uma página do Facebook sempre se faz sem demasiado sacrifício. Cabe agora ao povo luso utilizar a sua famosa imaginação e fazer de Portugal um destino tão apetecível para os artistas como é para a Troika.


09
Out 12
publicado por Nuno Amado, às 14:40link do post | comentar | ver comentários (1)

- Tem algum método de escrita, rotina ou truques?

Começo o mais cedo possível, já com o duche e o pequeno-almoço tomado, quando as padarias ainda estão a abrir.

 

- Faz muitas pausas?

Costumo escrever sem intervalos. Quando tento fazer uma pausa de dez minutos corro o risco que ela se prolongue por uns dias.

 

- Espera pela inspiração?

Não, porque nas várias ocasiões em que combinámos encontrarmo-nos, ela chegou sempre muito atrasada. Descobri que ela gosta de me surpreender quando já estou a trabalhar. No entanto, seria simpático se me visitasse mais vezes.

 

- Escreve a computador ou à mão?

A computador, no word, sentado mas com as costas nem sempre direitas.

 

- Usa um tipo de letra específico?

Times new roman, mas também consigo, se estiver bem disposto, escrever em calibri.

 

- Tem manias como acabar sempre uma página, por exemplo?

Poucas de que me lembre. Costumo não deixar frases a meio.

 

- Pensa logo no título ou surge depois?

Surge depois. Muito depois. Como o convidado para um lanche que se confunde e chega à hora do jantar.

 

- Faz algum esboço das personagens e trama? (seja em papel, seja mental) Se não faz, como se processa a construção do livro?

Guardo no caos do meu cérebro alguns aspectos da trama e algumas características das personagens. Vou acrescentando ao esboço, pouco a pouco, esperando que se torne num retrato.

 

 

- A primeira frase mantém-se ou muda depois?

Depende; quando se mantém é bom sinal.

 

- Evita ler livros quando escreve?

Pelo contrário, leio mais e com mais prazer.

 

- Ouve música enquanto escreve, ou prefere silêncio?

Oiço música e, quando o trabalho corre bem, só noto muito depois do disco terminar que estou em silêncio há algum tempo.

 

- Se sim, que música ouve?

Procuro que seja música consonante com o que quero narrar.

Muitas vezes é música que me faz sentir que o que estou a ouvir é bem melhor do que o que estou a escrever, e que é bem possível que eu só escreva porque não tenho qualquer talento para a música.

 

- Qual é a sensação que fica, quando termina um livro?

Várias. Sinto alegria, melancolia e a suspeita de que não está mesmo acabado. Há pequenas explosões de orgulho em que penso “Toma lá Tolstoi, isto não é assim tão difícil!”, mas também arroubos de neurose que me levam a murmurar “Que desperdício de tempo e páginas, mais valia ter copiado a palavra disparate para cento e oitenta páginas”.

 

 

- Trabalha em mais do que um livro ao mesmo tempo?

Por enquanto não.

 

- Escreve em casa?

Sim. Sempre na mesma secretária. Já tentei escrever na mesa da cozinha, mas acabei a tentar fazer “peixinhos da horta”.

 

- O que é que não pode faltar na sua mesa de trabalho?

Apetece-me escrever “paciência” mas um escritor não deve abusar dos trocadilhos.

 

- Em que é que está a trabalhar neste momento?

Ia começar um épico que revelaria ao mundo a essência da alma humana, que revolucionaria não só a literatura como a maneira como a humanidade se vê a si própria. Mas ofereceram-me bilhetes de época para o Sporting e vai ter de ficar para outra altura. Entretanto penso escrever qualquer coisa mais humilde, algo que uma pianista reformada possa ir lendo num banco do Jardim da Estrela interrompendo a leitura de tempo a tempo para olhar em volta e murmurar “que coisa maravilhosa é a vida!”.

 

 

-  Já deitou fora muita coisa que tenha escrito? Manuscritos inteiros ou coisas soltas?

Está tudo em pastas de discos rígidos guardados em gavetas onde também estão bilhetes de concertos, telemóveis avariados e chaves que em tempos abriram uma porta que já não sei qual é.

 

- Como é que dá o nome às suas personagens?

É o primeiro que me vem à cabeça. Por vezes, passado algum tempo, o nome já não serve e mudo-o.


02
Out 12
publicado por Nuno Amado, às 17:31link do post | comentar

amado.nuno@sapo.pt


20
Set 12
publicado por Nuno Amado, às 09:13link do post | comentar

O Lançamento é dia 1 de Outubro às 18:30 na Livraria Leya na Buchholz.

A apresentação cabe ao João Tordo.

 

 


10
Jul 12
publicado por Nuno Amado, às 08:44link do post | comentar

Qualquer leitor que tenha visitado um salão de jogos na sua adolescência estará familiarizado com o significado da
palavra Tilt. A expressão provém do Pinball onde para evitar que o jogador fizesse batota, assim que houvesse
alguma inclinação (tilt) da máquina, o jogo parava, entrava em tilt e o jogador ficava impossibilitado
de operar os comandos. A expressão generalizou-se para qualquer jogo onde, propositadamente ou por acidente, o sistema bloqueasse frustrando o jogador e deixando-o com um sentimento de impotência. 

 

Suspeito que o inventor do tilt fosse um homem que teve a ideia genial de transpor para o mundo dos jogos aquilo que lhe acontecia quando
discutia com a sua mulher. John Gottman, dedicado estudioso das relações conjugais, refere que uma das piores coisas que pode acontecer quando um casal discute é um dos membros petrificar, ou seja, bloquear a meio de uma discussão,
deixando de falar ou saindo mesmo do local onde esta ocorre. Sem surpresa, o Dr. Gottman verifica que esta estratégia é muito mais comum nos membros masculinos do casal. Para mim, petrificar é apenas uma maneira mais elegante de
dizer fazer tilt. Como estratégia, é péssima. Muitos leitores saberão por experiência própria que a última coisa que uma mulher quer, a meio de uma discussão, é que o homem deixe de falar. E se ele sair de perto dela, se ele disser qualquer coisa como “não quero falar
disto agora”, “não tenho nada a dizer” ou “tenho de me ir embora”, os deuses tenham misericórdia dele porque fazer essas afirmações, a meio de uma discussão acalorada, é o equivalente a encontrar uma colmeia num passeio e decidir
dar-lhe um pontapé.

 

Mas, pobres homens, eles não fazem tilt porque querem. Por algum motivo a natureza dotou as mulheres de uma capacidade argumentativa infalível e aos homens deu corpos maiores, pretendendo, por certo, que eles os usem para trabalhar o suficiente para poderem comprar flores e chocolates e pedir desculpas. Qualquer um dos homens famosos pela sua capacidade de argumentar em público perderia uma discussão com a sua mãe em dois minutos. Pensemos nas crianças. As raparigas têm com as mães uma relação de aprendizagem, onde lhes é
transmitida a forma correcta de fazer as coisas verdadeiramente importantes do mundo. A frase típica de uma rapariga de cinco anos para a sua mãe poderia ser “mãe, como é que eu faço isto?”, espelhando a sua relação de professora e aluna. Quanto aos rapazes, a sua frase
típica será algo como “mãe, desculpa ter feito aquilo”, mostrando que a mãe de um rapazinho é para ele não só o garante da sua sobrevivência, mas todo um estado policial ao qual é impossível escapar.

 

 Se as discussões conjugais fossem jogos de futebol, qualquer mulher seria o Barcelona, e a maior parte dos homens jogaria numa equipa das distritais que acabou de despedir o treinador. Pouco tempo depois da discussão começar, os homens, por mais que se esforcem não conseguem interceptar a bola. Os argumentos que utilizam são desfeitos em segundos, as questões que lhes são colocadas (a uma velocidade tremenda), parecem impossíveis de responder. Como o Barcelona troca a bola de forma quase mágica, a mulher, durante a discussão, vai enunciando uma série de factos e detalhes que o homem, provavelmente ocupado com o calendário da Liga, nunca memorizou. Em poucos minutos, assim como as defesas são feitas em pedaços pelo Messi, também a ideia que o homem tem do que se passa na sua relação, ou da própria realidade, vai sendo goleada. O membro masculino da discussão, ainda sem ter feito o aquecimento devido, já ouviu inúmeras acusações, não só em relação ao que ele fez, como ao que não fez mas devia ter feito, como ao que fez com boa intenção mas maus resultados, ou ao que fez com bons resultados mas sem a intenção própria. E é
nesta altura que surge, muitas vezes, o tilt.
Utilizando ainda a metáfora futebolística, é quando o treinador percebe que não vale a pena estar a descer o meio-campo, ou tentar colocar outro central ou seja o que for que o massacre vai continuar. Nesta situação, muitos homens fazem o que os treinadores que defrontam o Barça não podem fazer: retiram a equipa de campo.

 

Mas, se os homens querem que o campeonato continue, ou seja, que a relação se mantenha, o melhor é respirar
fundo e ficar em campo. Pode ser que ainda se marque um golo de honra. Afinal, as mulheres são como o futebol do Barcelona, não é agradável ser o seu adversário, mas é um prazer de se ver.


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