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Jan 12
publicado por Nuno Amado, às 10:10link do post | comentar

Apesar de sermos ensinados desde pequenos que a beleza vem do interior, muitos estudos mostram que as pessoas têm uma enorme facilidade em quantificar a beleza. Quem duvidar disto pode armar-se com um conjunto de fotografias de pessoas diferentes e ir para a porta do metro pedir a quem de lá sai para avaliar a beleza dos fotografados de 1 a 10. Depois de alguma resistência inicial (o pedido é um pouco estranho!), a maior parte dos questionados será capaz de dizer um número. Várias investigações mostram que este número oscilará pouco. Ou seja, pessoas muito bonitas serão avaliadas com 7, 8 e 9, e pessoas menos favorecidas pelos genes ou pelo deus das maçãs do rosto serão avaliadas com 3, 4 ou 5. Afinal, existe uma enorme concordância sobre o que constitui um rosto bonito e o que constitui um rosto feio, mesmo que tenhamos dificuldades em explicá-lo. Para tal existem alguns estudiosos que investigam coisas como a simetria de um rosto, as diferentes proporções dos olhos face ao nariz, a espessura ideal dos lábios e outros detalhes destes.

 

Ora, esta concordância sobre a beleza não é, afinal, surpreendente. Por algum motivo a alemã Cláudia Schiffer é possuidora de atributos físicos que ajudam a vender cosméticos, champôs e produtos afins enquanto que a sua Chanceler, Angela Merkel, dificilmente seria a primeira escolha para vender roupa interior ou maquilhagem. Aliás, embora o futuro de muitas pessoas possa depender da Senhora Merkel, a maioria de nós espera que tal não envolva outdoors da Chanceler em lingerie.

 

Nestes estudos da percepção e quantificação da beleza a nossa capacidade de avaliarmos um rosto é claramente diminuída quando esse rosto pertence a uma pessoa em especial: nós mesmos. Quando estamos a avaliar desconhecidos, a nossa avaliação não é muito diferente da de qualquer grupo de pessoas. Contudo, quando nos estamos a avaliar a nós mesmos, achamo-nos, muitas vezes, bem mais ou bem menos bonitos do que as outras pessoas nos acham. Esta falha é ainda maior no caso dos homens. Se as mulheres já são más a avaliarem quão bonitas são (basta ouvir a quantidade de Top Models que diz que se acha feia!), os homens, de acordo com os estudos realizados, são péssimos juízes de quão atraentes são. Assim, não será incomum que alguns tipos cuja cara parece um esboço do Picasso que o próprio pintor deixou de lado por achar demasiado desequilibrado, se considerem verdadeiros Johnny Depps. Como também será frequente que alguns sósias do Brad Pitt olhem para o espelho e vejam um pequeno Frankenstein.

 

Um dos motivos pelos quais os homens falham tanto na sua percepção de beleza pode ser em parte explicado pela menor importância que as mulheres dão à beleza física dos homens na escolha de parceiros amorosos. Não será, pois, estranho que um homem feio, mas com outros atributos, como, por exemplo, ser um músico famoso ou um milionário com vontade de gastar, seja um sucesso junto das senhoras. Já o contrário, uma mulher horrenda cheia de qualidades, poderá até ser alvo da paixão de vários homens (quiçá os menos superficiais), mas dificilmente verá dezenas destes a caírem-lhe aos pés oferecendo-lhe diamantes. Um homem nunca poderá, assim, inferir quão bonito é pelo interesse que as mulheres têm nele, ao passo que uma mulher muito bonita, com inteligência mínima, poderá compreender que todas as flores que recebe, todas as propostas para fins-de-semana em iates e todos os copos oferecidos por desconhecidos desesperados por agradar, se devem à forma como a sua pele assenta nas maçãs do rosto, as sobrancelhas se desenham sobre os olhos ou à espessura da sua boca tendo em conta o tamanho do seu queixo.

 

O facto de a beleza física ser facilmente quantificável faz desta, ainda mais, um atributo carregado de injustiça. Para resolver este problema, alguns Gregos antigos tentaram equacionar beleza e bondade, mas a verdade é que o interior não corresponde, muitas vezes, ao exterior. E, contudo, para muitos homens é difícil não acreditar que a modelo italiana Monica Belluci deve ser uma pessoa maravilhosa, generosa e humilde, cheia de ternura por tudo e todos. É também possível que a própria Monica Belluci se olhe ao espelho e se ache pouco atraente. Se isto acontecer, não duvido que, de imediato, muitos homens se mostrarão  prontos para a consolar… sem dúvida por a considerarem uma excelente pessoa.


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