O efeito placebo é um dos mais famosos exemplos do poder da mente sobre o corpo. Um doente queixa-se de uma maleita, o médico receita-lhe um sofisticado medicamento. Alguns dias depois o paciente já sente melhoras e a diminuição dos sintomas. Contudo, o medicamento era apenas uma pastilha de açúcar. As “melhoras” são produzidas pela mente graças à crença no poder curativo do falso medicamento. Estudos mostram que o efeito placebo não só funciona com os comprimidos brancos, como tem melhores resultados se for receitado um medicamento azul com uma letra e melhores resultados ainda quando é receitada uma cápsula de duas cores. Mas, como em muitas telenovelas mexicanas, o efeito placebo tem um irmão gémeo malvado, que opera de forma oposta. Trata-se do efeito nocebo, através do qual as pessoas desenvolvem reacções negativas a tratamentos ou medicamentos, que na verdade não o são, apenas porque acreditam que lhes farão mal. Há quem morra de uma picada de cobra não venenosa, ou de um cancro que não existe como aconteceu a um infeliz americano na década de 70,quando lhe foi diagnosticado cancro do fígado e lhe foi anunciado que tinha apenas três meses de vida. Passados três meses morreu, tal como previsto pelos médicos, mas, quando foi realizada a autópsia verificou-se que o tumor era afinal benigno e não se havia espalhado.
Uma demonstração muito especial do efeito nocebo é o fenómeno conhecido como koro, que também pode ser denominado por shuk yang e suo yang, nomes que facilmente se transformariam em pratos de restaurante chinês; shuk yang de pato soa delicioso e suo yang de vegetais parece muito saudável. Com raízes culturais na Ásia, o Koro é uma maleita tão comum que tem direito a ter entrada no DSM, a bíblia do diagnóstico da patologia mental. Os seus sintomas são pouco simpáticos, pois referem-se a uma ansiedade extrema sentida pela possibilidade de que os genitais do sofredor estejam a diminuir, podendo mesmo desaparecer causando a morte. Existem algumas variedades: a da diminuição simples, a variedade que apelido de Wolverine, na qual os genitais estão a reentrar no corpo como se fossem garras retracteis, e a do roubo, na qual o sofredor acusa uma pessoa específica de lhe ter roubado o pénis (alguns dos sofredores chegam mesmo a baixar as calças em público para provar a acusação, e, quando verificam que afinal o pénis está lá, dizem que diminuiu, que não é o seu ou que se trata de um pénis fantasma).
Koro é uma expressão do calão da Malásia que chama ao pénis tartaruga. Imagino que alguns sofredores de koro vejam os seus pénis como tartarugas assustadas que tentam retirar-se para dentro da casca.
Embora mais comum na China, o koro tem-se manifestado também em vários países Africanos. Por vezes surgem mesmo epidemias de Koro. Em 2003, em Jartum no Sudão, começou a circular a ideia de que um aperto de mãos a um estrangeiro era suficiente para diminuir o tamanho do pénis. Multidões de homens possuídos pela suspeita de que os seus pénis estavam a diminuir procuraram ajuda médica. A situação foi tal que foi necessária a intervenção da polícia. Pergunto-me se não terá sido uma epidemia semelhante no Japão, muitos séculos antes, que terá estado na origem de realizar o cumprimento social não por aperto de mão mas por vénia. Recentemente, ocorreram também epidemias de koro na Nigéria e no Gana. Já há algumas décadas, uma epidemia em Singapura levou a que os hospitais se vissem, de repente, invadidos por homens sofrendo de koro. Para impedir que o pénis desaparecesse totalmente, muitos deles agarravam-nos com força sem largar ou recorriam mesmo a molas.
Existem alguns episódios de koro no mundo Ocidental. Nos Estados Unidos, os 3 casos encontrados têm algo em comum, todos os homens que se queixaram de que o seu pénis estava a diminuir fizeram-no depois de terem fumado cannabis.
Como sou generoso vou partilhar uma ideia para se enriquecer com facilidade. E que tal juntar os sofredores do koro com os autores dos e-mails “aumente o seu pénis”?